sábado, 21 de dezembro de 2013

Nenhuma demissão na Seara

A JBS já era a maior produtora de carne bovina do mundo e, após a compra da Seara, passou também a dominar o mercado de aves. Com esta aquisição a empresa se relocaliza entre os monopólios de alimentação, e, também, se torna a segunda maior empresa brasileira em faturamento, ultrapassando a Vale e ficando atrás apenas da Petrobrás! Mesmo assim, a empresa sofre diversas condenações e processos trabalhistas a nível nacional por atacar seus trabalhadores, efetuar demissões em massa, desrespeitar direitos, atacar pequenos produtores rurais e por aí afora.

Após a compra da Seara, a JBS iniciou, visando aumentar seus lucros, sua “restruturação”. Depois de ter demitido cerca de 20% dos trabalhadores das unidades de Cajamar e de Perus, agora chegou a vez da unidade Osasco. Os operários estão vivendo aqui momentos de tensão. Já são cerca de 100 demitidos, número que pode chegar a 200, contabilizando cerca de um terço dos funcionários da fábrica. Houve o fechamento do 2º turno da Unidade II, acompanhado de deslocamento e mudança de turno de alguns trabalhadores; havendo também o risco de fechamento da embalagem, onde trabalham cerca de 20, em sua maioria mulheres. Sabemos que alguns queriam ser demitidos desde a época da Marfrig. Mas sabemos também que esses trabalhadores foram empurrados a optar pela demissão devido as péssimas condições de trabalho e o baixo salário. E, devemos lembrar, apesar de tantos lucros, a empresa quer dar “aumento salarial” abaixo da inflação. Mas, devemos pensar também naqueles que não queriam perder seus empregos, e ainda, naqueles que irão ficar com a sobrecarga de trabalho, trabalhando por 3 pelo mesmo salário miserável. Essas demissões em massa são ilegais. O grupo JBS teve um lucro de 24 bilhões de reais (receita líquida) nos últimos 3 meses de 2013, e o ano ainda nem acabou. Uma demissão nessa proporção é condenada até mesmo na lei dos ricos, que só permite demissão em massa em casos que a empresa está em situação de crise e não sem acordo com o sindicato.

Ao lado do vice-presidente do Brasil Michel Temer, Junior Friboi, filiado ao PMDB
 e um dos donos da JBS-Friboi, é pré-candidato a governador do estado de Goiás.   


O sindicato tem que cumprir sua obrigação: organizar a defesa de nossos empregos!


Uma coisa fundamental a se pensar é o papel do sindicato. Onde ele estava quando a empresa demitiu essas dezenas de trabalhadores? Por que ainda não se pronunciou? Por que não há sequer uma nota em seu site?

Os sindicatos servem para a nossa organização, para que lutemos pelos nossos direitos e para nos protejermos do assédio e sede de lucro das patronais. É uma ferramenta histórica e essencial na organização dos trabalhadores. Numa situação como a que estamos passando a intervenção do sindicato é fundamental para que a JBS, campeã em lucros, não faça o que quiser conosco. Mas também o sindicato deve ser formado por trabalhadores reais; estar no cotidiano, impedindo que os vazamentos de amônia continuem, que os acidentes de trabalho  sejam devidamente registrados, mas também para que fomente a discussão política.

Quem está há mais tempo na unidade sabe que o sindicato nunca dá as caras. Muitos dos diretores sindicais que aí estão sequer conhecem a realidade do chão de fábrica, estão há anos afastados, não são mais trabalhadores. Não vêm à fábrica, não fazem assembleias, justamente para que nós não possamos decidir. Também não temos trabalhadores votados por nós, os chamados delegados sindicais, que representem nossa opinião na hora de tomar decisões de nosso interesse. Assim, esse verdadeiros burocratas vivem da contribuição sindical e fazem acordo com os patrões pelas nossas costas. É claro que a atual diretoria do sindicato sabe o que se passa por aqui. Quando se omite é porque na verdade tomou o lado dos patrões.

Por causa deste papel que a atual diretoria vem cumprindo, muitos trabalhadores não querem nem ouvir falar do sindicato. Têm razão. Mas temos que entender que, independente de quem está dirigindo o Sindicato, ele é um instrumento de organização da nossa luta. Não podemos abrir mão disso! É nosso direito! Então, para que consigamos mudar essa realidade, é essencial exigirmos que o sindicato venha à porta da fábrica, se posicione frente aos últimos acontecimentos e organize nossa resistência. O sindicato deve chamar uma assembleia para que nós possamos discutir e decidir sobre as demissões, o salário, etc. Ele também deve organizar eleições de delegados sindicais em cada unidade onde estamos. Essas são medidas iniciais para lutarmos contra os ataques desse grande monopólio e para transformarmos o sindicato numa ferramenta que realmente lute pelos nosso direitos.

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