quarta-feira, 23 de janeiro de 2013











 Um ano depois do desalojamento dos moradores do Pinheirinho se aproxima o dia anunciado para a implementação da demissão de 1598 trabalhadores na General Motors de São José dos Campos. Em meio à crise econômica internacional esta empresa, uma das maiores multinacionais do ramo automobilístico em todo o mundo está “reconfigurando” suas plantas em vários países, com o objetivo de “reduzir os custos de produção” através do desemprego, demissões, lay-off s (suspensão dos contratos de trabalho), aumento da precarização dos salários e postos de trabalho.
  O governo de Dilma, seguindo o caminho de Lula, vem favorecendo os patrões e sua sede de lucros, tomando várias medidas como as reduções do IPI, da tarifa de energia elétrica, isenções fiscais para os grandes capitalistas, como a multinacional GM que suga o sangue de milhares de trabalhadores em vários países, enquanto os trabalhadores vivem o fantasma do desemprego e as suspensões de contrato. Lula não cansa de dizer que “os empresários nunca ganharam tanto” em seu governo.
Dilma segue governando para os capitalistas, sobrando migalhas para os trabalhadores, e quando os ricos alegam crise ou “reestruturação da produção” vem as demissões e a pressão para “flexibilizar” nossos direitos (jornada de trabalho, por exemplo, tirando do salário para o bolso dos capitalistas).
  Este é o caráter dos governos do PT (apoiado pelo PCdoB e parti dos burgueses como PDT, PMDB, PSB, PP, Maluf). Deste governo nada podemos esperar. Não será Dilma quem obrigará os capitalistas a garanti r os empregos e direitos dos trabalhadores, pois governa para os capitalistas. Também nada se pode esperar algo do prefeito petista Carlinhos Almeida. Nem pensar que a Associação Comercial e Industrial – o “sindicato” dos patrões – esteja ao lado dos trabalhadores da GM e da região. O “partido dos exploradores” – PT, Dilma, patrões – devem ser encarados como são: inimigos dos interesses dos trabalhadores, por mais demagogia que façam.
  Os trabalhadores da GM – e todos os trabalhadores – só podem confiar em suas próprias forças. E sua força está em sua união, primeiro na própria fábrica, organizando todos os operários e operárias, efetivos e contratados, em torno de um plano de luta democraticamente debati do e decidido por todos. Os patrões e os governantes verão que para impor suas medidas anti operárias terão que enfrentar a unidade combativa dos trabalhadores. Este plano deve ter medidas para ir construindo a unidade e o apoio ativo de todos os metalúrgicos da cidade e região, gerando uma rede de solidariedade operária e popular constituída por sindicatos e organizações estudantis, populares e democráticas em outras cidades. Os sindicatos e organizações da Conlutas precisam colocar todos os seus recursos – materiais e humanos – para construir essa rede.
  Assim, constituindo uma espécie de “bloco combativo e classista (sem patrões e governantes)” os trabalhadores da GM e da região sentirão força e firmeza necessários para lutar contra as demissões e a flexibilização de direitos, o que só pode trazer vitórias com os métodos de luta dos trabalhadores – paralisações, greve por tempo indeterminado, ações de rua, bloqueios de estradas e avenidas preparados por organizações estudantis (como a Anel), populares e sindicais, preparando, se os patrões não recuam, medidas mais duras como ocupação da fábrica e greve geral metalúrgica em São José dos Campos. A Intersindical (do PSOL) e a Intersindical (metalúrgicos de Campinas e região) também devem colocar suas forças a serviço dessa unidade. A luta da GM é nossa luta! Ao mesmo deve-se exigir que as centrais sindicais, principalmente as maiores (CUT e Força Sindical), deixem de trabalhar para os patrões e o governo e coloquem seus recursos em defesa dos empregos e direitos  GM e em todas as fábricas e empresas. Esses burocratas sindicais estão com os patrões, defendendo “flexibilizações” de direito com a mentira de que assim “todos ganharão”. Covardia! Se os patrões ganham nós perdemos. Os sindicatos são para lutar e defender nossos interesses e não para trabalhar a favor dos patrões. Os trabalhadores devem impor suas decisões também contra esses dirigentes sindicais para ganhar a simpatia e apoio de todos os trabalhadores organizados nos sindicatos dessas centrais. A CTB (dirigida pelo PCdoB) e setores da CUT, que dizem estar contra essas medidas antioperárias, devem colocar-se incondicionalmente a favor dos trabalhadores da GM e contra a patronal.
  As negociações com a direção da GM, as medidas judiciais e outras necessárias, devem ser táticas a serviço de uma estratégia baseada nos métodos da luta de classes, da ação independente dos trabalhadores junto a suas alianças entre setores mais explorados e oprimidos da população. Todas as negociações do ano passado resultaram em mais PDVs e de fato apenas “adiaram” as demissões, e agora tudo recomeça. É preciso aprender com a experiência. O antigo prefeito – do PSDB –, responsável junto com o governador Alckmin pela brutal repressão e mortes no Pinheirinho foi chamados pelo sindicato dos metalúrgicos para “intermediar” a favor dos trabalhadores da GM. O resultado está aí. Os patrões da GM ganharam um acordo que adiava as demissões. Os trabalhadores ficaram com a corda no pescoço, e agora ameaçam apertar o laço para amedrontar os trabalhadores e obrigá-los a aceitar as demissões e a flexibilização da jornada e dos direitos, enfim a redução salarial para os que ficarem na fábrica deixando seu sangue e suor.
Não se pode repetir esse caminho que só leva a abismos.
  A direção do sindicato dos metalúrgicos de São José dos Campos deve rever sua estratégia de continuar “pressionando” com paralisações e medidas parciais para que a empresa, a Associação Comercial e Industrial, Dilma, o prefeito Carlinhos e os ministros “negociem”. Dessa negociação e pressão não sairá a garantia dos empregos e dos direitos. Os patrões – e os governantes do capitalismo – só podem ser derrotados com os métodos de luta dos trabalhadores, organizados, unificados e confiantes em suas próprias forças. Toda negociação deve estar alimentada pelo fogo da luta firme e decidida dos trabalhadores, que devem mostrar aos patrões que não aceitarão demissões nem “flexibilizações”, que estão dispostos a tudo para não engrossar a fila dos desempregados, principalmente nesses tempos de crise capitalista mundial. OU ELES – os patrões – OU NÓS! O sindicato não pode continuar aceitando acordos que não garantam os empregos e os direitos. Não será por acordos de gabinete (mesmo as decisões judiciais são precárias) que barraremos a direção da GM. A guerra está declarada pela patronal, precisamos preparar nosso exército e povo para uma luta dura, árdua, duradoura – única possibilidade “realista” para impor, pela força da luta, nosso “acordo” (emprego, direitos, nenhuma demissão).
  Que os patrões paguem pela crise que criou e cria. Nenhuma demissão, lay off, PDV ou licença! Nenhuma “flexibilização” de direitos que roube nossos salários e encham os bolsos dos capitalistas! OU ELES OU NÓS E NOSSAS FAMÍLIAS! Se os patrões desejam “reestruturar” a produção, que nãos seja à custa dos nossos empregos, salários e direitos. Redução da jornada de trabalho, sem redução salarial, para 6 horas diárias, 5 dias por semana, para que todos tenham os empregos garantidos!
  O resultado da luta dos trabalhadores da GM é ainda mais importante, pois, antecipa as medidas que atingirão os trabalhadores de todo o país e vai servir como um diagnóstico da força de uma das partes em conflito, patrões e trabalhadores, neste capitulo da luta de classes.
  Os trabalhadores organizados no Boletim Classista – que tem o apoio ativo de da Juventude Às Ruas (estudantes da USP, Unesp, Unicamp e secundaristas do ABC, Campinas e outros locais) – nos colocamos ombro a ombro com os trabalhadores da GM em sua luta contra as demissões e pela manutenção dos empregos e direitos. Os patrões não descansarão. Não temos tempo a perder. OU ELES OU NÓS!    
  Podemos derrota-los!
  Mãos à obra!