Um ano depois do desalojamento dos moradores do Pinheirinho se aproxima o dia anunciado para a implementação da demissão de 1598 trabalhadores na General Motors de São José dos Campos. Em meio à crise econômica internacional esta empresa, uma das maiores multinacionais do ramo automobilístico em todo o mundo está “reconfigurando” suas plantas em vários países, com o objetivo de “reduzir os custos de produção” através do desemprego, demissões, lay-off s (suspensão dos contratos de trabalho), aumento da precarização dos salários e postos de trabalho.
O governo de Dilma, seguindo o caminho de
Lula, vem favorecendo os patrões e sua sede de lucros, tomando várias medidas
como as reduções do IPI, da tarifa de energia elétrica, isenções fiscais para os grandes
capitalistas, como a multinacional GM que suga o sangue de milhares de
trabalhadores em vários países, enquanto os trabalhadores vivem o fantasma do desemprego
e as suspensões de contrato. Lula não cansa de dizer que “os empresários nunca
ganharam tanto” em seu governo.
Dilma segue governando para os capitalistas,
sobrando migalhas para os trabalhadores, e quando os ricos alegam crise ou
“reestruturação da produção” vem as demissões e a pressão para “flexibilizar” nossos
direitos (jornada de trabalho, por exemplo, tirando do salário para o bolso dos
capitalistas).
Este é o caráter
dos governos do PT (apoiado pelo PCdoB e parti dos burgueses como PDT, PMDB, PSB,
PP, Maluf). Deste governo nada podemos esperar. Não será Dilma quem obrigará os
capitalistas a garanti r os empregos e direitos dos trabalhadores, pois governa
para os capitalistas. Também nada se pode esperar algo do prefeito petista
Carlinhos Almeida. Nem pensar que a Associação Comercial e Industrial – o
“sindicato” dos patrões – esteja ao lado dos trabalhadores da GM e da região. O
“partido dos
exploradores” – PT, Dilma, patrões – devem ser encarados como são: inimigos dos
interesses dos trabalhadores, por mais demagogia que façam.
Os trabalhadores da
GM – e todos os trabalhadores – só podem confiar em suas próprias forças. E sua
força está em sua união, primeiro na própria fábrica, organizando todos os
operários e operárias,
efetivos e contratados, em torno de um plano de luta democraticamente debati do
e decidido por todos. Os patrões e os governantes verão que para impor suas
medidas anti operárias terão que enfrentar a unidade combativa dos
trabalhadores. Este plano deve ter medidas para ir construindo a unidade e o
apoio ativo de todos os metalúrgicos da cidade e região, gerando uma rede de
solidariedade operária e popular constituída por sindicatos e organizações
estudantis, populares e democráticas em outras cidades. Os sindicatos e
organizações da Conlutas precisam colocar todos os seus recursos – materiais e
humanos – para construir essa rede.
Assim, constituindo uma espécie de “bloco combativo
e classista (sem patrões e governantes)” os trabalhadores da GM e da região
sentirão força e firmeza necessários para lutar contra as demissões e a flexibilização
de direitos, o que só pode trazer vitórias com os métodos de luta dos
trabalhadores – paralisações, greve por tempo indeterminado, ações de rua, bloqueios
de estradas e avenidas preparados por organizações estudantis (como a Anel), populares
e sindicais, preparando, se os patrões não recuam, medidas mais duras como
ocupação da fábrica e greve geral metalúrgica em São José dos Campos. A
Intersindical (do PSOL) e a Intersindical (metalúrgicos de Campinas e região)
também devem colocar suas forças a serviço dessa unidade. A luta da GM é nossa
luta! Ao mesmo deve-se exigir que as centrais sindicais, principalmente as
maiores (CUT e Força Sindical), deixem de trabalhar para os patrões e o governo
e coloquem seus recursos em defesa dos empregos e direitos a GM e em todas as
fábricas e empresas. Esses burocratas sindicais estão com os patrões,
defendendo “flexibilizações” de direito com a mentira de que assim “todos
ganharão”. Covardia! Se os patrões ganham nós perdemos. Os sindicatos são para
lutar e defender nossos interesses e não para trabalhar a favor dos patrões. Os
trabalhadores devem impor suas decisões também contra esses dirigentes
sindicais para ganhar a simpatia e apoio de todos os trabalhadores organizados
nos sindicatos dessas centrais. A CTB (dirigida pelo PCdoB) e setores da CUT,
que dizem estar contra essas medidas antioperárias, devem colocar-se incondicionalmente
a favor dos trabalhadores da GM e contra a patronal.
As negociações
com a direção da GM, as medidas judiciais e outras necessárias, devem ser
táticas a serviço de uma estratégia baseada nos métodos da luta de classes, da
ação independente dos trabalhadores junto a suas alianças entre setores mais
explorados e oprimidos da população. Todas as negociações do ano passado
resultaram em mais PDVs e de fato apenas “adiaram” as demissões, e agora tudo recomeça.
É preciso aprender com a experiência. O antigo prefeito – do PSDB –, responsável
junto com o governador Alckmin pela brutal repressão e mortes no Pinheirinho
foi chamados pelo sindicato dos metalúrgicos para “intermediar” a favor dos
trabalhadores da GM. O resultado está aí. Os patrões da GM ganharam um acordo
que adiava as demissões. Os trabalhadores ficaram com a corda no pescoço, e
agora ameaçam apertar o laço para amedrontar os trabalhadores e obrigá-los a
aceitar as demissões e a flexibilização da jornada e dos direitos, enfim a
redução salarial para os que ficarem na fábrica deixando seu sangue e suor.
Não se pode
repetir esse caminho que só leva a abismos.
A direção do sindicato dos
metalúrgicos de São José dos Campos deve rever sua estratégia de continuar “pressionando”
com paralisações e medidas parciais para que a empresa, a Associação Comercial e
Industrial, Dilma, o prefeito Carlinhos e os ministros “negociem”. Dessa
negociação e pressão não sairá a garantia dos empregos e dos direitos. Os
patrões – e os governantes do
capitalismo – só podem ser derrotados com os métodos de luta dos trabalhadores,
organizados, unificados e confiantes em suas próprias forças. Toda negociação
deve estar alimentada pelo fogo da luta firme e decidida dos trabalhadores, que
devem mostrar aos patrões que não aceitarão demissões nem “flexibilizações”,
que estão dispostos a tudo para não engrossar a fila dos desempregados,
principalmente nesses tempos de crise capitalista mundial. OU ELES – os patrões
– OU NÓS! O sindicato não pode continuar aceitando acordos que não garantam os
empregos e os direitos. Não será por acordos de gabinete (mesmo as decisões
judiciais são precárias) que barraremos a direção da GM. A guerra está
declarada pela patronal, precisamos preparar nosso exército e povo para uma
luta dura, árdua, duradoura – única possibilidade “realista” para impor, pela
força da luta, nosso “acordo” (emprego, direitos, nenhuma demissão).
Que os patrões
paguem pela crise que criou e cria. Nenhuma demissão, lay off, PDV ou licença!
Nenhuma “flexibilização” de direitos que roube nossos salários e encham os
bolsos dos capitalistas! OU ELES OU NÓS E NOSSAS FAMÍLIAS! Se os patrões
desejam “reestruturar” a produção, que nãos seja à custa dos nossos empregos,
salários e direitos. Redução da jornada de trabalho, sem redução salarial, para
6 horas diárias, 5 dias por semana,
para que todos tenham os empregos garantidos!
O resultado da
luta dos trabalhadores da GM é ainda mais importante, pois, antecipa as medidas
que atingirão os trabalhadores de todo o país e vai servir como um diagnóstico
da força de uma das partes em conflito, patrões e trabalhadores, neste capitulo
da luta de classes.
Os trabalhadores
organizados no Boletim Classista – que tem o apoio ativo de da Juventude Às
Ruas (estudantes da USP, Unesp, Unicamp e secundaristas do ABC, Campinas e
outros locais) – nos colocamos ombro a ombro com os trabalhadores da GM em sua
luta contra as demissões e pela manutenção dos empregos e direitos. Os patrões
não descansarão. Não temos tempo a perder. OU ELES OU NÓS!
Podemos derrota-los!
Mãos à obra!