sábado, 21 de dezembro de 2013

Nenhuma demissão na Seara

A JBS já era a maior produtora de carne bovina do mundo e, após a compra da Seara, passou também a dominar o mercado de aves. Com esta aquisição a empresa se relocaliza entre os monopólios de alimentação, e, também, se torna a segunda maior empresa brasileira em faturamento, ultrapassando a Vale e ficando atrás apenas da Petrobrás! Mesmo assim, a empresa sofre diversas condenações e processos trabalhistas a nível nacional por atacar seus trabalhadores, efetuar demissões em massa, desrespeitar direitos, atacar pequenos produtores rurais e por aí afora.

Após a compra da Seara, a JBS iniciou, visando aumentar seus lucros, sua “restruturação”. Depois de ter demitido cerca de 20% dos trabalhadores das unidades de Cajamar e de Perus, agora chegou a vez da unidade Osasco. Os operários estão vivendo aqui momentos de tensão. Já são cerca de 100 demitidos, número que pode chegar a 200, contabilizando cerca de um terço dos funcionários da fábrica. Houve o fechamento do 2º turno da Unidade II, acompanhado de deslocamento e mudança de turno de alguns trabalhadores; havendo também o risco de fechamento da embalagem, onde trabalham cerca de 20, em sua maioria mulheres. Sabemos que alguns queriam ser demitidos desde a época da Marfrig. Mas sabemos também que esses trabalhadores foram empurrados a optar pela demissão devido as péssimas condições de trabalho e o baixo salário. E, devemos lembrar, apesar de tantos lucros, a empresa quer dar “aumento salarial” abaixo da inflação. Mas, devemos pensar também naqueles que não queriam perder seus empregos, e ainda, naqueles que irão ficar com a sobrecarga de trabalho, trabalhando por 3 pelo mesmo salário miserável. Essas demissões em massa são ilegais. O grupo JBS teve um lucro de 24 bilhões de reais (receita líquida) nos últimos 3 meses de 2013, e o ano ainda nem acabou. Uma demissão nessa proporção é condenada até mesmo na lei dos ricos, que só permite demissão em massa em casos que a empresa está em situação de crise e não sem acordo com o sindicato.

Ao lado do vice-presidente do Brasil Michel Temer, Junior Friboi, filiado ao PMDB
 e um dos donos da JBS-Friboi, é pré-candidato a governador do estado de Goiás.   


O sindicato tem que cumprir sua obrigação: organizar a defesa de nossos empregos!


Uma coisa fundamental a se pensar é o papel do sindicato. Onde ele estava quando a empresa demitiu essas dezenas de trabalhadores? Por que ainda não se pronunciou? Por que não há sequer uma nota em seu site?

Os sindicatos servem para a nossa organização, para que lutemos pelos nossos direitos e para nos protejermos do assédio e sede de lucro das patronais. É uma ferramenta histórica e essencial na organização dos trabalhadores. Numa situação como a que estamos passando a intervenção do sindicato é fundamental para que a JBS, campeã em lucros, não faça o que quiser conosco. Mas também o sindicato deve ser formado por trabalhadores reais; estar no cotidiano, impedindo que os vazamentos de amônia continuem, que os acidentes de trabalho  sejam devidamente registrados, mas também para que fomente a discussão política.

Quem está há mais tempo na unidade sabe que o sindicato nunca dá as caras. Muitos dos diretores sindicais que aí estão sequer conhecem a realidade do chão de fábrica, estão há anos afastados, não são mais trabalhadores. Não vêm à fábrica, não fazem assembleias, justamente para que nós não possamos decidir. Também não temos trabalhadores votados por nós, os chamados delegados sindicais, que representem nossa opinião na hora de tomar decisões de nosso interesse. Assim, esse verdadeiros burocratas vivem da contribuição sindical e fazem acordo com os patrões pelas nossas costas. É claro que a atual diretoria do sindicato sabe o que se passa por aqui. Quando se omite é porque na verdade tomou o lado dos patrões.

Por causa deste papel que a atual diretoria vem cumprindo, muitos trabalhadores não querem nem ouvir falar do sindicato. Têm razão. Mas temos que entender que, independente de quem está dirigindo o Sindicato, ele é um instrumento de organização da nossa luta. Não podemos abrir mão disso! É nosso direito! Então, para que consigamos mudar essa realidade, é essencial exigirmos que o sindicato venha à porta da fábrica, se posicione frente aos últimos acontecimentos e organize nossa resistência. O sindicato deve chamar uma assembleia para que nós possamos discutir e decidir sobre as demissões, o salário, etc. Ele também deve organizar eleições de delegados sindicais em cada unidade onde estamos. Essas são medidas iniciais para lutarmos contra os ataques desse grande monopólio e para transformarmos o sindicato numa ferramenta que realmente lute pelos nosso direitos.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Por uma corrente sindical e política de trabalhadores sem burocratas e patrões!

Nós do boletim classista estamos lançando a ideia de uma nova organização de trabalhadores, que lute em defesa dos empregos, de melhores condições de trabalho, de transporte, saúde e educação para os trabalhadores. Acreditamos que para isso precisamos nos organizar em cada local de trabalho, lutar por sindicatos democráticos que estejam a serviço dos nossos interesses e utilizar os métodos clássicos de luta dos trabalhadores, como as greves e as ocupações de fábrica.

JBS chega detonando o trabalhador na Seara

Desde que a JBS comprou a Seara, iniciou seu plano de reestruturação das fábricas, buscando recuperar a lucratividade da marca, comprada no vermelho. As mudanças são desde pequenas coisas, como a retirada do refrigerante, às dezenas de demissões (já quase uma centena), que fazem parte do plano de redução do quadro de funcionários que essa gigante (formada pelo dinheiro público, repassado pelo BNDES, autorizado pelo governo Lula) está aplicando em todas as suas fábricas.

A ex-supervisora Jéssica, agora responsável pelo 5S, ao que parece voltou para ser a linha de frente dessas mudanças, pois essa história de 5S na verdade é só pra aumentar a lucratividade da empresa e não melhora de fato para os trabalhadores, que continuam trabalhando muito, ganhando pouco e com acidentes todo dia.

Fizeram uma reforma na área de lazer, é verdade, mas e daí?!, quantos paletes de “regular” será que precisaríamos produzir pra pagar aquilo?

Alguns também pensam que, “bom, pelo menos pra quem ficar, vai ter aumento e melhorias...”, pode até ser uma coisa ou outra, mas se fosse proporcional ao aumento de trabalho, na prática a empresa não estaria atingindo seu objetivo maior, que é recuperar a taxa de lucro. Isso é importante entender, não tem como uma empresa recuperar lucratividade sem aumentar a exploração dos trabalhadores. As novas máquinas ajudam nisso, pois com elas passamos a produzir mais (gerando mais lucro), mas não temos aumentos salariais proporcionais a isso.

Aliás, falando do aumento, cadê ele? 5% não é visível a olho nu, a inflação fica na frente!

Quem ficar tem é que abrir o olho, pois nem festa de dia das crianças teve esse ano, só muita amônia pra todo lado!

É tanta sede de lucro que até tentaram fazer a galera trabalhar horário normal nos sábados pra folgar nas festas de fim de ano, miseráveis! Mas dessa vez não teve jeito, todo mundo agiu unido e mostrou quem tem o poder de verdade! O pior de tudo é que o sindicato já tinha feito esse acordo com a empresa, pelas nossas costas! Pra quem esse sindicato trabalha afinal?!

Sabemos que esse sindicato está a serviço da empresa e por isso achamos que os trabalhadores da JBS precisam se unir pra tomar o sindicato, fazer uma coisa diferente, eleger delegado sindical na fábrica e assim defender seus direitos, exigindo um salário mínimo o suficiente para uma família viver com dignidade, melhoria das condições de trabalho, e redução da jornada e contratações!



Sem creche não dá mais pra ficar


Nós, mulheres trabalhadoras sabemos as condições a quais estamos expostas em trabalho, assim como as dificuldades que enfrentamos no dia-a-dia. E as dificuldades são inúmeras. Uma das principais dificuldades é com a educação e criação de nossos filhos, pois as empresas em geral não dão assistência para as mães. Os governos esquecem das trabalhadoras. Em nossos bairros há poucas vagas nas creches públicas, a única alternativa que nos resta é deixar nossos filhos com parentes ou numa creche particular em meio período, o que é raro, pois nosso salário não consegue cobrir todas as contas e ainda menos pagar as creches/escolas tão caras. E isso é apenas uma parte da história. Nos organizarmos dentro dos nossos locais de trabalho é essencial para exigir que os patrões garantam condições dignas para que um trabalhador consiga executar seu trabalho. E pra mulher trabalhadora, principalmente pras mulheres pobres e negras, essas condições são muito mais extensas, ter condições de deixar nossos filhos em uma creche/escola pelo período que necessitarmos é uma dentre essas condições especificas para as trabalhadoras. 

Se trabalhamos tanto, se produzimos tanto lucro pra essas grandes empresas, porque essas empresas não retornam sequer o minimo de nossos esforços? Porque essas empresas não possuem creches dentro de seus condomínios ou um auxilio-creche que realmente corresponda a necessidade da criança? ou ainda um convenio com creches, escolas e universidades que ofereça bolsas de estudos para todos os dependentes e pros próprios trabalhadores sem descontos na folha de pagamento? 

Todas nós temos muito mais em comum do que diferenças, passamos pelos mesmos problemas dentro do trabalho ou em casa. Somos nós que nos desdobramos em infinitas tarefas, do trabalho na empresa ao trabalho em casa, além dos cuidados com as crianças. Por isso quando estivermos unidas, nos fortaleceremos muito e assim poderemos conquistar condições dignas de trabalho e de vida.

As nossas custas não!

Nos últimos anos a patronal acumulou lucro em cima de lucro, se apoiando no suor dos trabalhadores. O setor de autopeças, entre 2009 e 2011 lucrou mais de um bilhão de dólares, cerca de dois bilhões de reais. Muito pouco deste dinheiro foi parar nas mãos do trabalhador. Na data do dissídio, não importa o setor, é sempre a mesma ladainha para justificar baixos aumentos e esse ano não foi diferente.

A principal reclamação dos patrões é com a concorrência estrangeira. Ano passado foi o pior ano da balança comercial do setor de autopeças. A venda de veículos bateu recorde, mas a importação de peças também. A indústria brasileira está enfrentando a forte concorrência dos europeus, com empresas de alta tecnologia, e das empresas chineses que pagam salários miseráveis para os trabalhadores.

E quem paga o preço por está concorrência são os trabalhadores, com aumento da carga de trabalho, precarização das condições dentro da fábrica e outras medidas. Apesar da ladainha dos patrões, eles seguem lucrando as nossas custas.

Ameaça e fechamento de fábricas:
Na campanha salarial deste ano muitas empresas alegaram crise, queda de vendas e outros argumentos para não dar aumentos maiores. Em algumas delas ameaçam até com o fechamento ou transferência das fabricas.

Que eles mostrem seus livros de contabilidade e ficará provado que mesmo as empresas que alegam crise, seguem lucrando milhões. Não podemos permitir que reduzam postos de trabalho e piorem ainda mais as condições de trabalho. A unidade e organização dos trabalhadores pode derrotar os patrões.

Ocupação de fabrica e produção sob controle operário: uma resposta operária para os tempos de crise


A economia brasileira não está em crise, mas mesmo assim os patrões aplicam seus ajustes. No momento das vacas gordas, nos trabalhadores não vemos a cor do dinheiro. No momento de crise, nos pagamos o custo. Mas não precisa ser assim, em muitos lugares os trabalhadores ocuparam a fabrica e começaram a produzir sem o patrão. Isso aconteceu em centenas de fábricas argentinas depois da crise econômica de 2001, entre elas e cerâmica Zanon, que segue funcionado até hoje. Aqui em Itapevi, em 2004, também houve uma experiência assim, que durou alguns meses. Na Philips francesa também houve recentemente uma experiência de alguns meses, assim como nesse momento na Grecia trabalhadores também tomam a fábrica e começam a produzir sem os patrões. São pequenas mostras de como nós não precisamos ficar com medo das ameaças dos patrões. Somos nós trabalhadores que fazemos as fabricas funcionar e podemos fazer isso mesmo sem os patrões.


sexta-feira, 19 de julho de 2013

BOLETIM CLASSISTA #4

O 11 de julho: uma primeira ação dos trabalhadores


Milhões de trabalhadores estiveram atentos e a postos para o dia 11, e se não vimos paralisações em milhares de fábricas e empresas nem milhões de trabalhadores nas ruas, em atos e bloqueios de estradas, foi por pura responsabilidade da burocracia sindical que tudo fez para fazer do 11 de Julho um dia "de atos ordeiros e pacíficos" sem objetivos claros a atacar. Os trabalhadores estão com uma grande disposição de luta e em todas as fabricas que este boletim chegou – metalúrgicas, gráficas, químicas, alimentícias etc – vimos isso. 

As direções das centrais sindicais governistas como CUT e CTB, ou ligadas aos partidos patronais como Força Sindical e UGT, nada fizeram para unificar os trabalhadores com as grandes manifestações em junho. Agora no dia 11 de julho mais uma vez, não colocaram as suas forças para organizar os trabalhadores e unificar a luta com a juventude. Se eles não tivessem impedido os trabalhadores de lutar e de se organizar, o pais teria parado nesta dia 11 de julho.

Apesar destes sindicalistas vendidos aos patrões e aos governos, a classe operária está novamente na arena. Os patrões não conseguirão mais nos explorar como antes. Estamos mais fortes. Devemos nos organizar em cada local de trabalho para exigir que as direções sindicais deixem de ficar ao lado da patronal e coloquem os sindicatos a favor das nossas lutas por salário, condições de trabalho e melhores condições de vida (transporte, moradia, educação pública e gratuita etc.). As centrais estão chamando novos dias de luta e paralisação, em 6 e 30 de agosto. Que eles venham a cada local de trabalho organizar a luta!


Que os sindicatos rompam com os governos e a patronal. Por sindicatos que se coloquem ao lado dos trabalhadores!

Companheiros, como estamos vendo a tempos, a direção da maioria dos sindicatos não está a serviço dos trabalhadores. Raramente aparecem no chão de fábrica, não organizam assembléia para que nós possamos organizar a luta. Aparecem nas fábricas cheios de promessas e nunca mais voltam. Negociam com a patronal pelas nossas costas. Trazem seus deputados apenas para ganhar nossos votos, sendo que estes parlamentares nunca estão do nosso lado nas lutas.

Tanto os sindicatos da Força Sindical, como metalúrgicos de São Paulo e Osasco, como o de alimentação de São Paulo, como os da CUT, metalúrgicos do ABC, bancários e professores, são farinha do mesmo saco. Os dirigentes destes sindicatos a anos não trabalham, vivem as nossas custas e ainda por cima defendem mais os interesses dos patrões do que os nossos.

Temos que nos organizar para exigir a ruptura dos sindicatos e suas direções com os governos e a patronal. Temos que exigir assembleias democráticas em todos os locais de trabalho. Temos que nos organizar para tomar os sindicatos das mãos destes dirigentes vendidos. Os operários de Osasco têm uma longa história de organização de comissões de fabricas e luta pela retomada dos sindicatos. Vamos fazer como fizeram nossos país e avós, em cada fábrica e local de trabalho vamos nos organizar, exigir que o sindicato organize assembleias de base e coloquem todo seu peso a serviço da nossa luta. Unidos e organizados vamos controlar nossos sindicatos! Que todos os dirigentes sindicais voltem para o chão de fabrica! Chega de cabide de emprego nos sindicatos!

Quem somos nós?

Nas últimas semanas distribuímos esse Boletim Classista em muitos locais de trabalho. Algumas vezes os companheiros nos confundem com o sindicato. Não somos destes sindicatos que estão mais do lado dos patrões que dos trabalhadores. Somos jovens estudantes e trabalhadores que participaram das manifestações vemos que para a população avançar em seus protestos e conquistar transporte, saúde, educação e moradia de qualidades é necessário que queremos agora ajudar todos os trabalhadores e se organizar para lutar. Participe deste movimento, ele também é seu.

Um sindicato diferente

Alguns companheiros deste Boletim Classista fazem parte do sindicato dos trabalhadores da USP. É um sindicato diferente dos outros. Na USP o sindicato organiza todas as lutas através de assembleias e reuniões de unidade onde todos os trabalhadores podem se colocar e decidir os rumos da sua luta. Na USP o sindicato também organiza os trabalhadores terceirizados e luta pela efetivação e igual direito para todos. Não faz nenhuma negociação com a chefia sem consultar a posição dos trabalhadores. Não cobra imposto sindical nem taxas obrigatórias aos trabalhadores. É de sindicatos assim que precisamos!

terça-feira, 9 de julho de 2013

BOLETIM CLASSISTA #3



11 de Julho: os trabalhadores devem entrar em luta ao lado da juventude e do povo pobre e negro!


Esse dia nacional de luta dos trabalhadores, chamado por todas as principais centrais sindicais, é uma oportunidade para nós trabalhadores nos mobilizarmos, para que nossa classe, se organizando a partir de cada local de trabalho com suas demandas, se unifique com as manifestações em que a juventude tomou a linha de frente e que conquistaram a redução das tarifas do transporte público em dezenas de cidades e mostraram aos políticos quem é que manda. A mobilização deve continuar até mudarmos completamente o país! E os trabalhadores, com nossos métodos, como as greves que podem paralisar toda a produção do país, podemos fazer a diferença!
No entanto, os diferentes partidos da burguesia e da ordem estão tentando desviar o movimento, e a política da presidente Dilma é desviá-lo para os seus interesses, através dos pactos com governadores e parlamentares que incluem uma proposta de plebiscito e reforma política cujo objetivo é desmobilizar sem alterar nada significativo no regime, além de um compromisso com a “responsabilidade fiscal”, que significa menos investimentos, e nas instituições públicas limita o gasto com folhas de pagamento a 60% de seus orçamentos, na maioria dos casos muito menos do que é gasto hoje – na USP, por exemplo, são 104% -, ou seja, implica em arrocho salarial, retirada de direitos e demissões. O governo quer, através da burocracia que dirige as centrais sindicais governistas, como a CUT e a CTB, colocar as ações dos trabalhadores no dia 11 a serviço dessa sua política. É preciso construir com força o dia 11, e intervir junto aos trabalhadores organizados nessas e em outras centrais dirigidas pela burocracia, mas combatendo a política traidora de suas direções.
Em nossa assembleia de trabalhadores da USP votamos alguns eixos, para combater a política do governo, levantar nossas demandas fundamentais por salários, empregos e contra a precarização, e as corretas demandas das mobilizações pelo transporte e pelos serviços públicos, e contra a brutal repressão que vem sofrendo os que lutam, e que nós vivemos há anos, com toda a diretoria do Sintusp processada, além de outros trabalhadores, estudantes expulsos, e o dirigente sindical Claudionor Brandão demitido inconstitucionalmente!

Principais bandeiras levadas pelos trabalhadores da USP para o dia nacional de lutas em 11/7:

• ABAIXO A REFORMA POLÍTICA, O PLEBISCITO-FARSA E O PACTO ANTI-OPERÁRIO E ANTI-POPULAR DE DILMA!
• ESTATIZAÇÃO SEM INDENIZAÇÃO DO TRANSPORTE COLETIVO, SOB CONTROLE DOS TRABALHADORES E USUÁRIOS! POR UM TRANSPORTE DE QUALIDADE E GRATUITO!
• SALÁRIO MÍNIMO DO DIEESE JÁ! FIM DA TERCEIRIZAÇÃO E PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO! EFETIVAÇÃO DE TODOS OS TERCEIRIZADOS SEM NECESSIDADE DE CONCURSO PÚBLICO!
• VERBAS PARA EDUCAÇÃO, SAÚDE E MORADIA DE QUALIDADE PARA TODOS! CONTRA A PRIVATIZAÇÃO DOS SERVIÇOS PÚBLICOS! SUS 100% ESTATAL!
• ABAIXO A REPRESSÃO! LIBERDADE IMEDIATA DE TODOS OS PRESOS NAS MANIFESTAÇÕES E FIM DE TODOS OS PROCESSOS! PUNIÇÃO AOS RESPONSÁVEIS PELAS MORTES!
• POR UMA ASSEMBLEIA CONSTITUINTE LIVRE E SOBERANA!

CONSTRUIR UMA FORTE MOBILIZAÇÃO NO DIA 11 DE JULHO!

USP - DIA 10/7 – REUNIÕES POR UNIDADE, E ASSEMBLEIA 12H30 NO SINTUSP! CONSTRUIR A PARALISAÇÃO E ATO!

CHAMAMOS TODOS OS TRABALHDORES DA REGIÃO A ADERIR, PARALISANDO POR LOCAL DE TRABALHO!


Construa o boletim classista!

Esta uma publicação da Liga Estratégia Revolucionária – Quarta Internacional e trabalhadores independentes que compõem a minoria da diretoria do SINTUSP e atua juntamente com estudantes e trabalhadores da região. Mande seu depoimento, sua critica, seu exemplo de luta. Sabemos da força dos trabalhadores organizados, por isso chamamos você para nos ajudar a construir essa ferramenta de luta e organização, contra os patrões, os governos e a burocracia sindical.

Discussão de balanço do dia 11 e próximo boletim: USP – TERÇA 16/07 às 12hs e às 18hs no saguão da História


As lutas do país na voz dos trabalhadores:


“ Os trabalhadores tem que sair pra lutar nas ruas pra melhorar  a saúde, educação e acabar com a corrupção e a terceirização. Mas isso nós só vamos conseguir se todos saírem pra luta unidos e não julgar os que lutam como se fossem vândalos.” Vilma – trabalhadora da USP

O plebiscito que a presidente está fazendo é uma grande hipocrisia. Ela está tentando dar um “cala boca” no povo pra deixar tudo como está. Por isso, acho que nós temos que continuar lutando!!”  Jaciara – trabalhadora precarizada do Rio Pequeno

“Estão dizendo agora que “o gigante acordou”, na verdade as lutas do povo sempre existiram .  A diferença é que agora elas tomaram as ruas do centro das capitais e tomaram a  imprensa. Foi nestas lutas que a maioria da população começou a ver o real papel da policia que sempre reprimia nas periferias, nas favelas, no Pinheirinho,  depois disso o movimento não parou de crescer.”  Renato – trabalhador da USP

“Já tá na hora de todos lutarem juntos pra acabar com as desigualdades e injustiças. Não basta apenas uma greve precisamos de uma revolução que acabe com os privilégios dos poderosos.” D. - trabalhador da USP

UM CHAMADO AOS TRABALHADORES DAS FÁBRICAS DA REGIÃO OESTE!


As principais centrais sindicais do país são a CUT, CTB e Força Sindical. A CUT está à frente de grandes sindicatos como o de metalúrgicos do ABC, professores de São Paulo e bancários. A CUT apoia o governo e não está organizando os trabalhadores para lutar, e sim defender a política de Dilma. A Força Sindical, dos sindicatos de metalúrgicos de Osasco e São Paulo, construção civil, alimentação e porto de Santos, não esta mais apoiando o governo Dilma, e por isso pode até chamar paralisações efetivas, como em portuários. Mas como também anda de braços dados com os políticos da oposição de direita (PSDB e outros), também não vai organizar os trabalhadores. Nas indústrias de alimentação, por exemplo, nada foi feito sequer na campanha salarial e muito menos estão organizando a categoria para o dia 11 de julho.

Nosso chamado é para que os trabalhadores se organizem e lutem por suas demandas e por sindicatos que estejam realmente do lado dos trabalhadores. Exigimos em todas as categorias a convocação de assembleias para organizar a luta. Os manifestantes que tomaram as ruas já mostraram o caminho, agora paremos as fábricas para conquistarmos nossas demandas!

VENHA CONHECER O GRUPO DE MULHERES PÃO E ROSAS!


Nós mulheres trabalhadoras devemos estar neste dia 11 de julho para reivindicar os direitos da nossa classe e os nossos direitos como mulheres. Queremos salário igual para trabalho igual, queremos creches, lavanderias e restaurantes públicos para acabar com a dupla jornada que nos obriga todos os dias a continuar trabalhando quando chegamos em casa! Queremos melhor qualidade em todos os serviços públicos, como saúde, educação, transporte, que devem ser estatizados sob controle dos trabalhadores e da população! Basta de ataques às mulheres e homossexuais, não ao Estatuto do Nascituro e ao projeto chamado "cura gay"! Chamamos as mulheres trabalhadoras, as estudantes, donas de casas, desempregadas a conhecer o grupo de mulheres Pão e Rosas e lutar pelos nossos direitos!

Silvana Ramos, linha de frente da luta das trabalhadoras terceirizadas da USP

Juventude às Ruas ao lado dos trabalhadores


Saímos às ruas nesses últimos dias para impedir o aumento da tarifa dos transportes. Conseguimos barrar esse aumento e agora vamos às ruas por muito mais, defendendo os direitos da juventude e da classe trabalhadora! É ao lado dos trabalhadores, com os métodos de luta dessa classe, que conseguiremos arrancar dos governos e dos patrões todos os nossos direitos. Os trabalhadores e a juventude não vão pagar para manter o lucro dos capitalistas: estaremos juntos nesse dia 11 demonstrando que é possível mudar!

Morre Mc Daleste, mais um moleque do funk 


 Com apenas 20 anos de idade, no meio de um show numa quebrada em Campinas, Daleste foi atingido por um tiro. Ainda não existe explicação sobre o caso e assim permanecerá, tal como a morte de milhares de moleques todos os dias nas periferias do país. (...). Do alto de suas breves duas décadas de vida, Mc Daleste mereceu morrer, provavelmente por decisão de um Estado que recentemente aprovou a criminalização dos bailes funk organizados de improviso pelas ruas da cidade por uma juventude que não tem seu lugar (...) Lutamos por uma arte livre e para que a juventude proletária tenha mais direito à vida!

terça-feira, 25 de junho de 2013

Boletim Classista - USP #2


VIVA AS MANIFESTAÇÕES DA JUVENTUDE EM TODO O PAÍS! É A HORA DE ARRANCAR TODOS OS NOSSOS DIREITOS! NÓS, TRABALHADORES, PRECISAMOS NOS ORGANIZAR, COM NOSSOS MÉTODOS E DEMANDAS!

Nas ruas, os jovens nos mostram o caminho!


por Claudionor Brandão, diretor do SINTUSP demitido político


Nas últimas semanas a juventude brasileira provou que no Brasil também é possível dobrar a intransigência de governos e empresários, a exemplo do que provaram  as imensas mobilizações da “Primavera Árabe” e as lutas que também explodiram em vários países da Europa e América Latina, em que a juventude vem demonstrando que a única forma de obrigar os governos a ouvirem os anseios dos explorados e dos oprimidos é unindo as centenas de milhares e tomando as ruas para exigir o atendimento de suas reivindicações.

Aqui, depois de mandarem a policia assassina reprimir selvagemente as primeiras manifestações contra o aumento das passagens dos ônibus, trens e metrô de São Paulo – o que segue como prática dos diferentes governos em todo o país, com centenas de presos e 5 mortos reconhecidos, além dos mortos nos protestos das periferias, confundidos nos assassinatos policiais já rotineiros - e jurar que não baixariam os preços das passagens, o Prefeito Haddad do PT e o governador Alckmin do PSDB foram obrigados a revogar sim o aumento, frente às centenas de milhares de manifestantes que tomaram as ruas de São Paulo. Mais de um milhão de pessoas, jovens em sua maioria, ganharam as ruas das principais cidades do país e obrigaram governos e prefeitos a retrocederem nos aumentos das passagens. Mas a juventude sente e sabe que seus problemas são muito maiores do que os aumentos das passagens que foram revogados e por isso ela continua nas ruas lutando e protestando.



Nós, trabalhadores, não podemos fazer diferente; devemos parar as fábricas, as empresas de transporte, de trens e metrô, as escolas e o comércio, devemos levantar os problemas da nossa classe e as nossas reivindicações e nos juntarmos às centenas de milhares de jovens que estão nas ruas e lutarmos por elas.

NOSSA PRIMEIRA EXIGENCIA DEVE SER A LIBERDADE DE TODOS OS LUTADORES PRESOS NAS MANIFESTAÇÕES E FIM DE TODOS OS PROCESSOS, EM TODO O PAÍS! FIM DO GENOCÍDIO DA JUVENTUDE NEGRA E POBRE E PUNIÇÃO DOS RESPONSÁVEIS PELAS MORTES!


Transporte gratuito e estatal!


Cara de pau, Haddad, depois de ser obrigado a revogar o aumento das passagens, perguntou: quem iria pagar a conta? E disse que seria obrigado a retirar dinheiro da saúde e da educação para poder aumentar os subsídios pagos pelo município à máfia dos transportes, virando a conquista do povo contra ele. Se Haddad quer saber de onde tirar dinheiro, os trabalhadores e a juventude devem exigir: ABRAM OS LIVROS CAIXAS DA PREFEITURA E DO ESTADO E DE TODAS AS EMPRESAS DE ÔNIBUS, DE TRENS E METRÔ, para que todos possamos ver o quanto os mafiosos amigos do Alckmin, do Haddad, e do seu parceiro Maluf faturam por mês roubando o pão dos nossos filhos e tirando da saúde e da educação. Se Haddad não sabe de onde mais tirar dinheiro para continuar enriquecendo seus amigos ladrões, os trabalhadores e a juventude devem exigir: NENHUM CENTAVO MAIS DOS NOSSOS MINGUADOS SALÁRIOS E DOS NOSSOS IMPOSTOS PARA ENRIQUECER LADRÕES! ESTATIZAÇÃO DE TODOS OS MEIOS DE TRANSPORTE COLETIVO, SEM INDENIZAÇÃO A NENHUM EMPRESARIOS, E TRANSPORTE GRATUITO PARA JOVENS, ESTUDANTES, DESEMPREGADOS E APOSENTADOS!


Mais médicos e mais professores, mais escolas, hospitais, postos de saúde e medicamentos para a população pobre e trabalhadora!


Enquanto Haddad e o Alckmin se preocupam em garantir os lucros da máfia dos transportes (mais de R$1 bi a mais em subsídios), e Dilma gasta R$ 28 bilhões na construção de estádios superfaturados, nossos filhos saem das escolas públicas sem condições de para passar num concurso público e muito menos no vestibular. Enquanto parlamentares, juízes e o alto escalão do poder público vivem com privilégios sem fim, pagos por nossos impostos (além dos salários de 27 ou 39 mil reais, são 323 salários mínimos para o gabinete de cada senador, fazendo com que só os parlamentares custem R$ 20 bi, que somados ao calculado em negociatas e desvios regulares chegam a R$79 bi), os trabalhadores e o povo pobre que não podem pagar convênios para a máfia da medicina privada, morrem às centenas todos os dias, pois não há médicos, nem hospitais e postos de saúde suficientes para atender a demanda. Faltam inclusive medicamentos e insumo. A falta de investimentos do governo federal, dos governos estaduais e municipais em saúde está literalmente matando milhares de pessoas todos os anos.

CHEGA DE GASTOS COM COPAS E OLIMPÍADAS! MAIS VERBAS PARA A SAÚDE E A EDUCAÇÃO, PÚBLICAS!QUE OS POLÍTICOS E FUNCIONÁRIOS DO ALTO ESCALÃO DO PODER PÚBLICO GANHEM O MESMO QUE UM PROFESSOR!


Basta de desemprego, de precarização e arrocho


Entre os maiores males que afeta os trabalhadores e juventude do Brasil estão o desemprego, o trabalho precário e o salário de miséria. O salario mínimo necessário para atender as necessidades básicas de uma família com quatro pessoas está calculado em R$ 2.873,56. Mas, milhões de trabalhadores que ocupam postos de trabalho precário ou terceirizado ganham menos de R$ 700,00, ou seja, um quarto do salário necessário – uma realidade profunda em todo o país, e também aqui na USP, como escancaram as greves das companheiras terceirizadas, como fizeram as trabalhadoras da Higilimp, conquistando da empresa e da USP o pagamento dos salários e direitos com sua organização, greve, e fechamento da reitoria por 11 dias; por isso é fundamental lutar PELO FIM DA TERCEIRIZAÇÃO, COM A EFETIVAÇÃO DE TODAS E TODOS, SEM NECESSIDADE DE CONCURSO PÚBLICO! Mais de 50% dos trabalhadores com carteira assinada ganham menos de R$1.500,00. Na outra face dessa moeda, temos dezenas de milhões de jovens sem escola, que não encontram nem trabalho e nem futuro.

Lutemos nas Ruas por: Piso nacional de salário igual ao salário mínimo do DIEESE: hoje R$ 2.873,56! Pela redução da jornada de trabalho, sem redução de salários, divisão social das horas de trabalho disponíveis. Todos trabalhando menos para que todos possam trabalhar!

- 26/6 – Assembléia Geral dos trabalhadores da USP – 12h30, no SINTUSP


 - 27/6 – Dia Nacional de Lutas, chamado pela CSP-Conlutas como parte das mobilizações em todo o país! Ato unificado das estaduais paulistas, na reitoria da UNESP, chamado pelo Fórum das Seis – em Frente à Reitoria da UNESP (Anhangabaú), a partir das 9hOrganizar reuniões de unidade e participar da assembleia, para discutir o ato, paralisação, e medidas de luta dos trabalhadores da USP, em resposta a esses chamados e como parte das manifestações nacionalmente!


- 28/6 – Ato em Osasco, pela Estatização de todo o transporte público, sem indenização! – 17h, na estação Osasco da CPTM


Contra a “cura gay”, Fora Marco Feliciano! Em defesa de um estado laico!


Por Diana Assunção, trabalhadora da FE-USP e diretora do SINTUSP

Na última terça-feira, dia 18/06, a Comissão de Direitos Humanos e Minorias, presidida pelo pastor evangélico Marco Feliciano, aprovou o projeto conhecido como “cura gay”. Este projeto permite que todos aqueles que não se enquadrem nos padrões de relacionamento afetivo e sexual heteronormativos (entre sexos diferentes) sejam tratados como portadores de uma doença! Isso significa um enorme retrocesso não apenas para os homossexuais, mas para toda a sociedade na medida em que permite que a Igreja, através do Estado, possa determinar e impor autoritariamente a toda a sociedade seus padrões de moralidade e costumes, atacando o direito democrático de que cada um possa decidir livremente como e com quem quer se relacionar, um verdadeiro absurdo. Não bastasse o conteúdo racista de outras declarações do pastor Marco Feliciano,  é ainda mais indignante que este projeto tenha sido aprovado a partir das negociatas de cargos em troca de apoio político de partidos como o PSC ao governo de Dilma.



Fora Feliciano! Defendemos um Estado laico, sem a interferência da Igreja, o direito ao matrimônio igualitário, ao aborto legal, livre, seguro e gratuito, o direito à adoção e demais direitos civis aos homossexuais, travestis e transexuais, o fim do acordo Brasil-Vaticano, do ensino religioso, do repasse de dinheiro público às igrejas!


Que os trabalhadores e a juventude em luta não sigam enganados: Suprimir as liberdades de expressão dos trabalhadores e suas organizações só interessa aos governos, aos patrões e aos fascistas!


Por Marcello Pablito, trabalhador da SAS e diretor do SINTUSP

Ao contrário do que os ingênuos pensam e do que os hipócritas dizem, as manifestações não calaram todos os partidos e organizações. As vozes dos partidos, das instituições e organizações da burguesia continuam se expressando em todo país, nas declarações de Dilma, Alckmin, Aécio Neves e mais dezenas de governadores, ministros e parlamentares do PT, PSDB, PMDB, PCdoB e etc., que são levados ao ar pelos microfones da Globo, SBT, Band, Record e etc. Por isso, o rechaço aos partidos, correntes, sindicatos e demais organizações operarias e populares nas manifestações, na verdade só cala as vozes dos trabalhadores organizados. Por isso, os Srs. Willian Bonner, Boris Cazoy e demais porta-vozes da burguesia rejubilam-se quando mostram os partidos e organizações operárias sendo rechaçados por manifestantes.

Quem proibiu os partidos e a organização política foi a ditadura militar, com o AI-5! O rechaço legítimo aos partidos dos exploradores e à traição do PT não pode se virar contra os trabalhadores! O que acontece é sim político, e os trabalhadores precisam se organizar politicamente!

Liberdade de existência e expressão a todos os partidos e organizações operárias e populares que, por defenderem os direitos dos trabalhadores, têm muito pouco ou nenhum espaço para se expressar em rádios, jornais e televisões! 


quinta-feira, 13 de junho de 2013


Leia aqui os artigos do novo
Boletim Classista Especial USP!


Arrancar de Rodas e do CRUESP os 11%!

Viva a mobilização das estaduais
junto a estudantes e professores!

Abaixo a repressão e o PIMESP!
Negociação da pauta unificada Já!

por Claudionor Brandão, diretor do SINTUSP demitido político

Este ano, depois de anos de reajustes acima da inflação, fruto do histórico de lutas dos trabalhadores da USP e das estaduais paulistas, o CRUESP (Conselho dos Reitores das Universidades Estaduais Paulistas) apresentou um reajuste igual à menor medição da inflação, 5,39%, e encerrou unilateralmente as negociações sobre esse ponto e sobre toda a pauta unificada entre trabalhadores, estudantes e professores das estaduais paulistas. E isso meses depois de a própria Folha de S. Paulo divulgar que as universidades têm R$ 7 bilhões de sobra de caixa – mais do que o orçamento anual de muitos municípios inteiros! – dos quais a USP admite ter em caixa R$ 1,5 bilhão!

Diferente de anos anteriores, em que nós da USP fomos a linha de frente da mobilização, seguidos pelos companheiros da UNESP e UNICAMP, esse ano os trabalhadores da UNICAMP já fizeram paralisações e são os companheiros da UNESP que dão o exemplo: entre os trabalhadores, 13 campi estão parados e vários outros fazem paralisações parciais, com eixo na luta pela equiparação de pisos e benefícios com a USP e pelos 11%. Entre os estudantes, já são nove campi em greve, com eixo na luta por permanência estudantil, contra o PIMESP – Programa de “Inclusão com Mérito” que mantém e aprofunda o racismo e o elitismo da universidade – e por cotas proporcionais como parte da luta pelo fim do vestibular, por uma assembleia estatuinte e contra a repressão. Entre os docentes, o movimento é crescente, com adesão à greve em curso nos campi de Marília, Assis e IA/São Paulo, e paralisações aprovadas para 11/6 em São José do Rio Preto e Rio Claro.




Essa diferença dos anos anteriores se deve à política de Rodas, que foi nomeado por Serra prometendo “pacificar” a USP (acabar com as greves), e depois de fracassar com uma linha de enfrentamento em 2010, quando tentou cortar os pontos na greve e foi derrotado pela ocupação da reitoria, passou a buscar o mesmo objetivo através de concessões, principalmente o plano de carreira que elevou os pisos salariais – por outro lado mantendo a repressão aos que lutam, com processos contra estudantes e toda a diretoria do sindicato, expulsões, e mantendo a demissão de Brandão, e ataques como a demissão de 270 aposentados em 2011. E muitos companheiros estão, de fato mais preocupados com a próxima etapa da progressão na carreira – que não à toa Rodas colocou para logo depois do período de campanha salarial, gerando medo de que a mobilização leve a não receber esse aumento individual, menos custoso para a reitoria do que o aumento coletivo conquistado com luta -, ou com a possibilidade de reembolso de gastos com plano de saúde – enquanto a reitoria segue aprofundando o sucateamento do HU, que deve servir à comunidade USP e a toda a população, e tem o atendimento cada vez pior por falta de estrutura, equipamentos e pessoal.




O objetivo de Rodas é avançar nisso, para poder implementar seu projeto de redução do quadro, principalmente de básicos, substituídos com o trabalho terceirizado, semiescravo, como mostra mais uma vez a luta exemplar das trabalhadoras e trabalhadores da HIGILIMP, em greve desde o dia 10/06 pelo pagamento de salários e benefícios atrasados (ver “Todo apoio à greve dos trabalhadores terceirizados da Higilimp!”, pg.4). Prova disso são os ataques concentrados aos trabalhadores da Prefeitura do Campus e da COESF, enquanto aumenta a terceirização na manutenção do campus e no transporte com o BUSP, com fechamento de serviços como borracharia e posto, e outros, como a pintura, que só não foram fechados pela força de resistência dos trabalhadores dessas unidades, que seguem na linha de frente das mobilizações, incluindo a paralisação desse dia 11/06, dando exemplo não só dos ataques que virão, mas de que só com lutas nós todos podemos defender nossos empregos, que estarão cada vez mais ameaçados. Um exemplo em outro sentido é o que acontece com os trabalhadores contratados pela FUNCRAF no hospital em Bauru: frente ao questionamento de que não se pode manter terceirização de atividades fim, a reitoria responde com demissões, e ameaça de demissão de mais centenas de trabalhadores.

Mas para seu objetivo Rodas precisa de uma coisa que ainda não conseguiu: arrancar de nós a memória das lutas dos últimos 10 anos, dos “388 dias de greves” duras (como denunciaram os jornais), ocupações e atos, que arrancaram as conquistas que temos hoje! Nada do que temos veio de presente, nem antes, nem de Rodas! E muitos ataques aos nossos direitos ou à qualidade da universidade só não foram implementados graças à luta! É preciso recolocar em prática essa tradição de luta – e a paralisação desse 11/06 e nosso ato em frente a reitoria, com 500 pessoas, confluindo com as trabalhadoras da Higilimp, e coordenado com os atos na Unicamp e UNESP, foi um passo nesse sentido -, e transmiti-la aos companheiros mais novos, e mostrar que não entregaremos salários, direitos nem empregos, e seguiremos lutando junto aos estudantes em defesa da universidade e por uma educação pública e de qualidade para todos!




Uma visão marxista sobre o que é a inflação

Por Domenico Colacicco, trabalhador da ECA e diretor do SINTUSP

As campanhas salariais levantam o tema da inflação, que desde o começo do ano vem sendo amplamente discutida pela mídia. Hoje ela está em 6,59% de acordo com o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), mas para os alimentos (maior parte do consumo para os trabalhadores) o aumento da cesta básica foi de 22,7% em São Paulo, nos últimos 12 meses, segundo o DIEESE. Este é um dos impactos no Brasil, que tende a se aprofundar, da crise econômica internacional, que por enquanto continua mais concentrada na Europa e Estados Unidos, mas cada vez mais se estendendo para a China e América Latina.



Mas então cabe perguntar, do ponto de vista dos marxistas, o que é a inflação? Marx, em um livro chamado “Salário, Preço e Lucro”, discute que a tendência do capitalismo é que a burguesia pague aos trabalhadores somente o mínimo necessário para sua sobrevivência, ao passo que fica com o restante da produção desses trabalhadores (a essa “sobra” roubada pelos patrões se dá o nome de “mais-valia”). Entretanto, na medida em que os trabalhadores se organizam e passam a lutar por melhores salários e condições de trabalho, os seus salários ganham um componente subjetivo, ou seja, uma parcela para além do seu custo mínimo de sobrevivência, referente a sua capacidade de organização e luta para arrancar uma parte dos lucros dos patrões para os seus próprios salários. A inflação é o aumento geral dos preços das mercadorias, ou a diminuição do poder de compra do dinheiro, como mecanismo utilizado pela burguesia para repassar os custos da produção de volta aos trabalhadores. Ou seja, a luta salarial é para nós, trabalhadores, não deixarmos que a burguesia aumente seus lucros à custa dos nossos salários. Contra a inflação e o arrocho salarial, devemos defender o reajuste automático dos salários de acordo com a inflação – o que no “Programa de Transição” escrito pelo revolucionário russo Leon Trosky se chama “Escalas móveis de salários” -, mas enquanto não conquistamos isso, devemos lutar para não deixar que a burguesia repasse para nós os custos da crise que ela mesma produziu.